quarta-feira, 12 de maio de 2010

Embalagem evita desperdício e aumenta lucro


O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de hortaliças do mundo, perdendo apenas para a China e a Índia. O PIB brasileiro gerado por esses produtos gira em torno de 17 milhões de dólares. São 19. 302 toneladas produzidas em uma área de 808 mil hectares, de acordo com dados do IBGE. Porém, estimativas de especialistas apontam que 30% de toda essa produção é perdida, no caminho entre o campo e a chegada ao consumidor, o que dá um total de 5 bilhões de dólares desperdiçados a cada ano. E mais: pesquisas realizadas pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo mostraram que 50% das perdas (2,5 bilhões de dólares) são causadas pelo mau uso de embalagens.


Em Minas Gerais, uma boa notícia: os agricultores da comunidade de Bamburral, no município de Jaboticatubas, encontraram uma saída para o problema. Há oito anos, 20 produtores embalam suas verduras e legumes em bandejas de isopor ou PET, envoltas com filme PVC, com exceção do broto de feijão, comercializado em saquinhos de polietileno.


O extensionista local da Emater-MG em Jaboticatubas, Osmar José da Silva, conta que os produtores familiares da região adotaram a prática iniciada por Takazuki Esaki, um grande produtor que foi pioneiro na embalagem de hortaliças. “A Emater-MG adaptou a tecnologia para os pequenos produtores e incentiva a organização em grupos de produção. A estratégia deu tão certo que continua até hoje”, comemora Osmar.


Como consequência do projeto surgiu o Barracão do Produtor, um local em que se embala, classifica e verifica a qualidade dos produtos que serão vendidos. “O barracão melhora a qualidade de produto, a embalagem, a classificação”, explica Osmar. “Hoje cada um tem a sua produção, porém temos o intuito de ter um produto conjunto do barracão”, planeja.


Alguns produtos embalados atualmente são pepino japonês, tomate cereja, tomate, brocólis, couve-flor, ervilha e pimentão, abóbora menina, brócolo, couve flor, moyashi, quiabo, nabo, rabanete, vagem, ervilha, pimenta, cana, etc.


No total, são entre 20 e 30 variedades diferentes. O processo de embalagem é realizado de duas a três vezes por semana, geralmente aos domingos, terças e quintas-feiras. Após a embalagem, um caminhão leva os produtos para a Ceasa, em Contagem. 95% dos produtos são comercializados lá, os outros 5% são vendidos no comércio local. De acordo com o produtor Júlio Esaki, filho de Takasuki, a embalagem dos produtos melhora muito a sua qualidade. “O grande vilão, hoje, dos hortifrutigranjeiros é a perda do produto, por danos no transporte. Se estão protegidos, isso não acontece”, diz. “ A vantagem não é só para o produtor, mas para o comerciante que evita perda de produtos e também para o consumidor, que compra somente a quantidade que vai necessitar, evitando o desperdício”, conclui.


Produtores com marca própria


Outras vantagens: além de vender um produto com qualidade, fracionado na quantidade certa para ser consumida, há a possibilidade de se agregar valor ao produto e fazer sua propaganda por meio da rotulagem, que serve como referência para o consumidor, pois inclui o local origem. “Quando a pessoa compra um produto da comunidade Bamburral e gosta, isso vai levá-la a adquirir também outros produtos produzidos por lá”, justifica.


Outro ponto citado por Júlio é o lucro do processo de embalagem. Apesar do custo do investimento, o retorno é compensador. Para o acondicionamento em bandejas (de PET ou isopor), o custo sai a R$ 0,15%. O lucro porém pode chegar a até 200%.


Depende muito do produto, porém cada bandeja pode ser vendida por R$ 1,40, R$ 2,00, dessa forma, vendendo 40 bandejas podemos vender por até R$ 80”, calcula o produtor. Segundo o extensionista da Emater, a assiduidade do plantio ajuda muito. “Planta menos, mas planta sempre. Assim, se produz de forma racional, evitando o desperdício.”

Mesmo com a grande disponibilidade de verduras e legumes no país, sua comercialização está limitada devido a serem altamente perecíveis. Por isso, existem algumas regras de acondicionamento desses produtos. A primeira é fazer uma cuidadosa seleção, para não misturar doentes com sadios, evitando-se assim a proliferação de pragas e doenças. Outros pontos importantes são: evitar o contato direto dos produtos embalados com o solo; desinfetar os produtos antes do uso; as embalagens devem ser armazenadas em um local seco e limpo. Além disso, não só devem proteger os produtos contra danos, mas também identificá-los. O extensionista Osmar justifica: “Além da embalagem garantir a qualidade, o produtor passa a ter uma marca. No caso da comunidade de Bamburral eles tem um rótulo próprio e são conhecidos por isso.”


Quiabo dura mais


Evitar desperdícios no transporte e aumentar a renda dos produtores rurais. Esse é o objetivo da estratégia de produtores de quiabo do município de Paraopeba. A ideia surgiu em setembro de 2006, após a produtora Maria Veiga ter embalado e vendido sementes de pequi para a Ceasa. Depois da experiência, Maria comprou três caixas de madeira com quiabo, embalou o legume e vendeu para a distribuidora. Como a estratégia deu certo, a produtora aumentou o negócio.


Perde-se muito o produto pelo manuseio. O quiabo escurece rapidamente, a ponta quebra”, confirma a extensionista da Emater-MG no município, Maristane Souza. “Por isso, a tática da embalagem tem dado certo”, conclui.


Atualmente, dos 50 produtores de quiabo de Paraopeba (o número é variável, modifica-se a cada safra, devido à rotação de culturas) quatro são também embaladores. Os produtores Maria da Veiga, Rangel Moreira e Washington Geral Figueiredo foram além e, além de adotarem a embalagem para seus produtos, ainda compram a produção de terceiros. Já Elcio Luiz Eustáquio acondiciona apenas própria colheita.


O processo de embalagem do quiabo acontece três vezes na semana: às terças e quintas-feiras e aos sábados. A produtividade de cada produtor é de 300 bandejas por dia. De acordo com Maria da Veiga, cada bandeja, de 410 gramas, gera lucro de R$ 0,10 a 0,25.


Desde a criação do projeto, não houve resistência dos produtores. “Surgiram novos compradores e assim os produtores ficaram livres de pagar o frete”, explica Maria da Veiga, que acrescenta: “Da parte dos consumidores, a recepção também foi positiva. Eles recebem um produto já selecionado no ponto certo de consumo e com risco de perda menor, já que pode ser consumido em até 6 dias”.


Esse processo, no caso do meu filho, Washington, foi muito positivo, pois com o embalamento houve uma utilização mais eficiente da mão de obra e com isso ele tem o pessoal ocupado o ano todo”, diz João Emanuel, pai de Washington. Ele emprega 12 pessoas que trabalham durante quatro horas por dia para embalar 100 caixas de 20 bandejas. Assim, são embaladas cerca de 2 mil bandejas por vez, três vezes na semana. Por mês, saem do barracão 24 mil bandejas, a um lucro de R$ 0,10 a R$ 0,25 cada.


Para os supermercados, a iniciativa também é aprovada, uma vez que com as bandejas há menor perda do produto e aumento do tempo de permanência nas bancas, que passou de três para seis dias. Outro ponto positivo é que o quiabo já vem selecionado do campo, com isso, a qualidade do produto e a aparência melhoraram. E, por isso, também houve um aumento do lucro.


Paraopeba, o maior município produtor de quiabo do Estado, colheu, em 2009, cerca de 1,7 mil toneladas até setembro, em uma área de 115 hectares. O grande volume obtido em poucos meses torna ainda mais importante a logística de distribuição, para evitar que o quiabo passe do ponto de colheita e que os produtores tenham prejuízos com a cultura.






3 comentários:

  1. É isso mesmo, sempre procurando economizar e a preservar mais o meio ambiente..

    Essa ideia vale a pena divulgar.. =)

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  2. bela preservação, utilizando isopor e plástico!!
    o brasil precisa investir mais em pesquisas sobre embalagens feitas apartir de materiais organicos para que o produto, assim seja 100% natural....concorda?

    ps: nao pude deixar de reparar hehe...você eh muito linda!! =*

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