quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

João Carlos: uma verdadeira lição de Vida


Sexta-feira. 04 de dezembro de 2009. Cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais. 19 horas. Carros passando, gente correndo, sombrinhas para todo lado. Chuva, muuuuita chuva. E é durante este tumulto que encontramos o menino José Carlos da Silva, 12 anos, vendendo balas na rua.

Aproximo-me e pergunto se ele tem que estar ali, mesmo com toda aquela chuva. “Sabe o que é moça? É que tenho que sustentar minha família e se for esperar a chuva passar não vou conseguir vender todas as minhas balas até a hora de voltar pra casa”, responde. “Estão todos me esperando”, acrescenta o garoto.

E entre uma oferta de bala e outra vai me contando a sua história....João, apesar de sua pouca idade, trabalha desde os oito anos para ajudar nas despesas de casa.
A mãe lava e passa roupa para fora. Tem quatro irmãos, duas meninas gêmeas de seis anos, um menino de cinco e outro de quatro anos.

O pai fugiu quando a mãe estava grávida do último filho, já fazem quatro anos. “Disse que ia tentar a vida em São Paulo e mandar o dinheiro pra gente”, conta o menino. E acrescenta, com ar de tristeza, “Mas descobrimos que foi morar com outra mulher. Aposto que nem lembra mais da gente”. “Foi aí que tive que começar a trabalhar”, diz. “Já fiz de tudo: fui engraxate, ajudante de pedreiro, trabalhador de padaria. E agora vendo balas. É o que ganha mais”, explica ele.

E é somente depois de meia hora de nossa conversa que João realiza uma venda... “Quatro balas custam dois reais”. Todo feliz, agradece a senhora que comprou em sua mão.
Ao ser perguntado se é sempre tão difícil conseguir fazer uma venda ele responde “Você não viu nada. As pessoas não gostam muito de comprar balas, ainda mais de criança. Acham que somos meninos de rua e não ajudam. Em dias de chuva como esse é ainda pior. É uma correria só, ninguém quer ouvir a gente”, afirma. “Só que mesmo assim é com as balas que consigo tirar o maior dinheiro”, finaliza.

19:30. A chuva vai parando aos poucos. O garoto está todo molhado, mas mesmo assim vai oferecendo as balas a quem passa com uma felicidade que contagia quem o observa. “Balinha baratinha...duas por um real. Vamos chegar pessoal”. É assim que vai atraindo as pessoas.

De pouquinho em pouquinho vai conseguindo fazer as suas vendas. E com todo o prazer, como se tivesse ganhado um grande prêmio, vai falando “uma bala para o senhor, outra para a senhora, uma aqui para o garotão”.
21 horas. João olha pra mim e diz “Prontinho, acabei de vender todas as balas por hoje. Hora de voltar para casa. Quer me acompanhar?”. Diante de minha resposta positiva vamos andando até a sua casa.

No caminho ele me conta histórias de sua vida, de seus medos, de seus sonhos. Um deles, em particular, me chama a atenção. “Quando eu crescer quero ser médico, para ganhar muito dinheiro e poder ajudar todas as crianças de rua do Brasil”, diz o menino.

E antes que eu falasse qualquer coisa, ele prossegue “Eu sei que você vai dizer que é muito difícil, que eu não tenho chances. Só que não é impossível, por isso que estudo tanto. Pode perguntar lá na escola. Minhas notas são as melhores da minha turma”. Eu, sem palavras diante daquela afirmativa, apenas esbocei um sorriso.

Depois de 40 minutos de caminhada, chegamos a sua casa. Lá, o menino me apresenta à sua mãe e seus irmãos. Todos se alegram com nossa chegada. Antônia, uma das gêmeas logo se oferece para fazer o café.

Enquanto isso, Dona Neusa, a mãe de João, vai fazendo os elogios a seu menino. “Não sei o que seria da minha vida sem ele. É um menino de ouro, tão responsável e obediente. Não me dá um pingo de trabalho”.

E logo começa a chorar. Entre lágrimas me segreda que não queria que nada fosse assim. “Queria que meus filhos pudessem só estudar e brincar, igual às outras crianças. Não quero que eles fiquem igual a mim, que não sei ler e nem escrever, tendo que fazer bicos para poder sustentar a casa”.

O café chega e o clima de tristeza é quebrado. As risadas e as brincadeiras vão tomando conta da noite. Nem vejo a hora passar. Quando assusto já são 23 horas. É hora de ir embora. Eles precisam descansar, para começar tudo de novo no dia seguinte...

Sim. O outro dia é sábado! Porém, isso não diminui o ritmo da família. Eles acordam às 5 horas da manhã e têm rotina pesada.

Os mais novos, que trabalham somente aos sábados, vão para a feira ajudar os vendedores de frutas e verduras em troca de gorjetas. A mãe os deixa lá e depois vai passando nas casas das famílias para recolher as roupas, que deve lavar e passar. Já João...bem, esse vai vendendo as suas balas, aqui e acolá. Nas ruas, nas praças, na porta de supermercados e lojas.

E com isso, mesmo sem saber, o garotinho vai deixando em nós a esperança e a alegria de viver, de alguém que mesmo tão novo e com tantos problemas, não deixa nunca de sorrir e de acreditar no amanhã.
Muita gente eles eram
Crítica do livro Eles eram muitos cavalos


O nome do livro escrito por Luiz Rufatto Eles eram muitos cavalos pode sugerir ao leitor que se trata de uma história sobre cavalos, hipismo etc. Porém diferentemente do que pode parecer ele se refere a uma cidade: São Paulo.

Neste livro são contadas histórias da vida na metrópole, mas não no sentindo de mostrar a cidade apenas como um lugar qualquer que tem engarrafamentos e vários problemas. E sim no sentindo de realmente decifrar o local expondo-o como ele é na sua realidade.

A obra relata a cidade como um todo, com sua diversidade de pessoas, de vários cantos do país, de todos os jeitos e classes sociais. Nessa metrópole o que existe é o anonimato. Ninguém tem nome. Qualquer pessoa é apenas mais uma na multidão.

E Luiz Rufatto soube explorar como ninguém essa vida de São Paulo. Em 69 contos o escritor retrata a cidade usando às vezes poesia, às vezes contos, outras prosa, porém sempre com a intenção de mostrar como é viver neste local. As histórias são sempre recortes da vida das pessoas.

E é através desses fragmentos da biografia humana que a existência em São Paulo é desvendada. Aparecem histórias de crianças roídas por ratos em lugares imundos, seres humanos assassinados em sequestros, pedintes, famílias inteiras que vivem apertadas em pequenas casas, os medos e os sonhos de cada um etc.

Cada conto é um pedacinho da vida dos milhares de indivíduos que moram no local. E a mudança de uma narração para outra nos dá a entender a correria que é esse dia-a-dia de São Paulo. Ninguém se encontra ou se conhece.

Apesar de viverem em um mesmo lugar um não tem conhecimento do outro e das alegrias e tristezas pelas quais cada ser passa todos os dias.

Essa gente toda, que tem sua história desvendada por Rufatto, não é conhecida por nós, apenas sabemos que eles existem. Estão lá. Mas ninguém sabe seu nome ou como é sua vida. Os problemas de cada ser humano são indiferentes para os outros. Muitos chegam e vão embora e ninguém jamais sabe de sua existência.

O que torna esse livro diferente é que apesar dos contos serem muitos eles são prazerosos, bons de ser ler. Não são cansativos, já que em cada passada de página uma nova história ganha espaço e vai sendo contada. E tudo isso se passa em um único dia, 09 de maio de 2000.

Nove anos se passaram desde essa data e a loucura da cidade continua da mesma forma. Portanto, o livro é atual, é singular, simplesmente pelo fato de não perder sua validade nem mesmo com o passar do tempo. Permanecerá para sempre sendo o presente da vida daquela gente de São Paulo. E nós seremos meros expectadores de tudo o que acontece.



Na Natureza selvagem


O filme “Na Natureza Selvagem” é baseado na história real de Christopher McCandless. Após se formar na faculdade, Chris doa todo o seu dinheiro e parte em direção ao Alasca, uma vez que sentia despreparado para enfrentar a vida. Esse filme se trata de um drama superinteressante do ponto de vista da criação e do enredo. É uma história fascinante do início ao fim, apesar do final já ser esperado.

O diretor Sean Penn fez com que o telespectador se sentisse atraído pelo filme, pois este é inspirador e nos convida a uma reflexão. Ele conta a história de um jovem, como tantos que existem, em busca de uma libertação que ele só alcançaria indo em busca da natureza. O personagem troca a humanidade pela natureza, afastando-se da sociedade. Porém, o diretor soube narrar a história com tanta pureza e sabedoria, que o que seria uma simples narrativa banal torna-se um filme surpreendente, lindo e emocionante.

O elenco também foi muito bem escolhido, principalmente com a presença do ator Emile Hirsch que interpreta o papel principal. Ele soube interpretar tão bem que deu realidade ao filme, como se tudo estivesse acontecendo naquele exato momento. É como se quem está assistindo ao longa fizesse parte dele e vivesse tudo aquilo que Chris vive.

O personagem vai viver isolado a fim de se auto-descobrir e se relaciona com todo tipo de indivíduo que cruza seu caminho, demonstrando, assim, o seu grande interesse de estabelecer relações de todo o tipo que o fizesse amadurecer e crescer. Um dos poucos fatos dos quais não gostamos no filme, foi quando ele queimou o dinheiro que possuía. O jovem tinha o intuito de mostrar superioridade frente ao materialismo do pai, no entanto, não parou para pensar na falta que o dinheiro faria para tantas outras pessoas e o queimou, tendo uma atitude egoísta.

Entretanto, além disso, o filme nos leva realmente a pensar a respeito da história narrada. Trata da questão da fuga da sociedade, da questão das crenças e valores que nos são impostos na vida cotidiana. Isso causa um impacto e nos faz refletir acerca de quem realmente somos e por que somos, qual nossa importância nesse contexto social.

O drama, em síntese, é instigante e muito emocionante. O roteiro é maravilhoso, o ator principal faz seu trabalho com muita maturidade e seriedade, a direção foi excelente e a trilha sonora é incrível, muito bem utilizada e bastante presente no longa-metragem.
VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER: AMEAÇAS E TORTURA


Apesar de ocorrer com freqüência em nossa sociedade, o tema violência contra a mulher ainda é considerado um tabu, afirma a psicóloga Ana Cristina. A violência é qualquer forma de constrangimento ou coação, que vai desde a violência verbal até atos de agressão física como socos, pontapés e estupros, completa ela.

“A violência que sofri foi a menor de todas as agressões. Sofri a violência moral e psicológica de forma muito intensa e dolorosa na qual levo as seqüelas até hoje”, diz Fabiana Mene,estudante,25 anos, ex-vítima da violência. Vivi sete anos com um homem, aparentemente dócil, até em excesso, mas que me agredia verbalmente sob efeito do álcool. Hoje sei que isso era uma desculpa para ele fazer tudo o que queria”, complementa.

Segundo Ana, a violência geralmente vem de pessoas bem próximas as mulheres, principalmente os maridos ou parceiros sendo os seus principais motivos ciúmes, insegurança e medo de perder a pessoa amada.

Cíntya Veiga, assistente social, 33 anos, diz “Conheci meu agressor aos 18 anos e já na fase de namoro ele apresentava sinais de ser um homem violento, tinha por mim um ciúme doentio. Fomos morar juntos em 1988 e as agressões continuaram, com ele sempre colocando a culpa em mim, pelo fato de sentir-se inseguro e acabar perdendo a cabeça”.

A psicóloga enfatiza que a violência contra a mulher não está restrita a um único meio, ela não escolhe raça, idade ou condição social. Porém, geralmente as pessoas de maior poder aquisitivo tem mais chances de se calar por vergonha ou por medo do que os outros irão pensar delas.

“Tinha meu próprio negócio, uma situação econômica razoável e sustentava meu ex-marido, que na época estava desempregado. Apesar das agressões constantes não tinha coragem de denunciá-lo por medo do que a repercussão do caso poderia causar em minha vida”, é o que conta A. C, administradora, de 38 anos, que não quer se identificar.
Cíntya, que viveu a mesma situação, conta que “a minha vida material era razoavelmente confortável e moralmente um inferno. Escondia de minha família que era agredida e uma vez contei para a minha mãe que aquela "mancha roxa" em meu olho era pelo fato de eu ter deixado cair a chave da porta e ao levantar-me para colocar de volta na fechadura, havia machucado o rosto na própria fechadura”.
A violência não envolve somente a mulher agredida, mas acaba por envolver toda a família e pessoas mais próximas, como os pais, irmãos e até mesmo os filhos, que são os mais prejudicados, aponta Ana.

A. C afirma “Meu filho, de seis anos não entendia porque todos os dias eu aparecia com manchas roxas pelo corpo, ele não sabia o porquê do papai bater tanto na mamãe. Várias vezes eu o peguei, depois de uma briga com meu ex-marido, chorando sozinho no quarto e quando o perguntava o motivo, ele me respondia: eu não gosto de ver o papai batendo na senhora, porque ele faz isso?

Ela completa: “Isso me doía e dói até hoje, saber que não bastava eu estar sofrendo, mas que meu filho também sofria comigo”. “A maioria das mulheres não denuncia seus agressores por medo e falta de informação”, diz Carolina Kawauchi, assistente social do Tecle Mulher, de ajuda a mulheres vítimas de violência.

É o caso de Cíntya “ Quando fui a delegacia denunciar meu agressor, me senti humilhada, pois não imaginava que teria que expor a minha vida íntima daquela forma. Temia ser ridicularizada pelos policiais, mas enganei-me totalmente, pois fui atendida por mulheres que me acolheram e me trataram com dignidade e respeito”. Acrescenta ela “Por isso, sou a favor da lei Maria da Penha é um ganho enorme para nós mulheres”.

O inspetor de polícia Mauro Guimarães afirma que com essa lei o crescimento do número de denúncias de violência contra as mulheres aumentou consideravelmente. “Atualmente estamos recebendo 15 denúncias de violência diariamente, 60% a mais do que antes da lei ser sancionada”, diz ele.

“Me calei por tempo demais, mas depois da lei Maria da Penha me senti mais segura e resolvi procurar a justiça para denunciar as agressões. Atualmente, espero a audiência”, afirma Fabiana.

Carolina explica que com a lei as mulheres se sentem mais protegidas e passam a acreditar que realmente o seu caso vai ser resolvido, por isso o número de denúncias aumentou tanto desde sua criação.
Bullying: ameaça para crianças e adultos

O bullying apesar de muito comum, principalmente nas escolas brasileiras, é um assunto muito pouco comentado, diz a psicóloga Samara Oliboni. Muitas vezes confundido com indisciplina, o bullying não tem tradução literal, porém é caracterizado pela violência entre pessoas de um mesmo status social para provar poder, completa a profissional.

“Eu passei por isso na 6ª série, começou com uma simples brincadeira, eu achava até achava graça, mas a coisa foi ficando séria”, diz Ana Luísa, 15 anos, vítima de bullying. “Depois, se tornou algo horrível, me tratavam como se eu tivesse uma doença contagiosa, falavam que eu era um lixo e o pior é que eu acreditei. Só hoje eu sei o quanto eles eram ridículos, mas ainda assim isso me faz mal”, complementa.

Segundo Samara, a violência se inicia com apelidos pejorativos, passa pela agressão física e pode chegar até ao abuso sexual. É importante aos pais e professores ficarem atentos a presença do bullying nas crianças.

Ela diz ainda que “Muitas vezes, os pais vêem a questão como uma simples brincadeira ou desobediência. Porém, o assunto é sério e pode levar ao suicídio ou ao assassinato”.

Luma Guedes, estudante, 18 anos, ex-vítima de bullying diz: “Quando eu tinha 12 anos, descobri que era portadora de Lúpus, uma doença crônica que não é contagiosa de nenhuma forma. Mas, na escola em que eu estudava os alunos passaram a me discriminar por isso. Eles deixaram de ser meus amigos, evitavam me emprestar as coisas, me xingavam, me chamavam de doente, contagiosa, inclusive pela Internet. Fui até ameaçada de morte. Estava com medo de ir a escola, de mostrar minha cara, de contar para meus pais e principalmente, de ser quem eu sou”.

A estudante completa: “Aos poucos minha vida está se transformando, o tempo cura. Hoje, eu faço Direito na Universidade Católica, estou indo pro 4ºsemestre, trabalho. Meu problema de saúde nunca me afetou em nada, estou praticamente curada, mas as dores e as marcas do bullying, com certeza, ninguém cura. Não tem como eu não lembrar e não sentir raiva, dor. É inexplicável”.

A psicóloga enfatiza que os autores são geralmente aqueles com temperamento mais agressivo e que necessitam ser o centro das atenções dos demais colegas. Assim, passam a ridicularizar alguns para demonstrar poder. Ao contrário, os alvos do bullyng são os mais tímidos, aqueles com melhores notas e que de alguma forma não tem as mesmas características do grupo.

“Entre a 5ª e 6ª série do ensino fundamental, a situação era horrível, mas sofri com o problema até 1999. Nessa época havia na minha sala um grupinho que me cercava e humilhava de todas as formas possíveis, desde pressões psicológicas até agressões físicas e verbais, conta Luiz Ribeiro, 22 anos. “Tudo isso, porque eu era um aluno quieto e disciplinado, que não gostava de transformar a aula numa zona”, completa ele.

Alguns sintomas causados pelo bullyng são a dificuldade de se impor frente ao grupo, a depressão, ansiedade, dores de cabeça ou de estômago, baixo rendimento, suor e urina em excesso, aponta a psicóloga.

Apesar de mais comum entre as crianças em fase escolar, o bullyng também ocorre em adultos, caso de H.C, de 40 anos, que não quer se identificar “ Fui vítima de bullyng no meu trabalho, aos 38 anos, nem sabia que isso existia em adultos” , diz ela. “Tive uma mega depressão com síndrome do pânico, evitava sair à rua, não tinha ânimo para nada. Foi doloroso, cruel”, complementa.

Samara afirma que, tanto o alvo quanto o autor do bullyng podem sofrer futuros traumas. A vítima pode ter problemas de relacionamentos e perder a autoconfiança. Já os autores, podem se tornar anti-sociais, adotando atitudes agressivas no ambiente familiar ou social, podendo inclusive se envolver com o uso de drogas.
Noite


Noite tão linda e bela
Que nos faz lembrar
O que no outro dia nos trará

Noite de magia
Noite de luar
Noite que nos traz
Um novo sorriso
A embalar

Noite noite bela
Alegria e emoção
Desejo e satisfação
OS SALTIMBANCOS TRAPALHÕES


O filme Os Saltimbancos Trapalhões, baseado na peça teatral Os Saltimbancos de Sergio Bardoti, Luiz Enríquez Bacalov e Chico Buarque, conta a história de quatro amigos: Didi, Dedé, Mussum e Zacarias que se tornam a grande atração do circo Bartolo por terem a capacidade de transmitir alegria ao público. Porém, eles são explorados pelo barão (dono do circo) que os usa para obter sucesso e dinheiro, além de terem que enfrentar o mágico Assis satã que faz de tudo para atrapalhá-los, que os quer bem distante, pois acha que eles prejudicam o seu espetáculo.

Os Saltimbancos Trapalhões trata-se de uma comédia infantil, sendo seu gênero possível de se identificar antes do início do mesmo, devido a todos os filmes dos Trapalhões já serem identificados como representantes deste gênero. Os estereótipos são respeitados, pois realmente é engraçado, faz o espectador rir, o que é a característica principal da comédia. Um exemplo disso é a cena em que Didi junto com os outros Trapalhões ao retirarem a mesa de mágica do palco fazem com que os animais que estavam escondidos dentro dela se soltem e corram soltos pelo palco, o que cria uma verdadeira confusão e provoca risada em que está assistindo.

Apesar de ser uma comédia, o filme tem cenas de musical como, por exemplo, as cenas das músicas : “História de uma gata”, “Hollywood”, “pirueta”, “Alô, liberdade”, Todos juntos, entre outros. Além disso, possui também cenas de ficção científica como, por exemplo, robôs que lutam e falam, vistos na cena em que Didi sonha estar em Hollywood junto com seus amigos e tem que fugir desses robôs.

Há uma predominância da câmera estática, com raras exceções de cenas em que se usa a panorâmica. O ângulo de filmagem é normal, situa-se no eixo do olhar, e não se faz uso de plongée, contra-plongée ou excêntrico. No que se refere aos planos, observa-se uma mistura de planos geral, americano, médio e primeiro plano, só não há, porém, utilização do primeiríssimo plano. Os cortes feitos são sempre secos, não havendo, portanto, clareamento,escurecimento ou sobreposição de imagem.

A década de 1980, também chamada de década perdida, foi o período conhecido pelo fim da idade industrial e início da idade da informação, porém que ainda tinha o circo como uma de suas principais atrações. Famílias inteiras viam o circo como forma de lazer. Assim, o filme funciona como documento na medida em que mostra as tradições de uma sociedade que procurava quebrar costumes antigos e buscar uma nova realidade.

Um exemplo disso é a moda, que se inspirou na onda da geração saúde e da febre da ginástica aeróbica, contrariando totalmente o estilo de até então, onde prevaleciam roupas largas, artesanais, de inspiração indiana. Dessa forma, o uso de roupas de ginástica, junto com roupas exageradas, de cores cítricas e muito alegres, rompe com todas as tradições de até então. Além disso, o modo de falar, de vida, a visão de mundo, a época, é tudo retratado no filme, o que leva o telespectador a se situar no cotidiano e no contexto pelo qual passavam as pessoas na época da criação do filme.

Tudo é uma questão de interpretação!!!


“O povo teve uma aula sobre a tradição vergonhosa da nossa política. A absolvição de Renan é o suicídio do Senado”.
Arnaldo Jabor-Jornalista

“A gente sabia que o senado é um clube de amigos, mas não pensávamos que, para fechar com o amigão, colocaria em xeque a instituição”.
José Gianotti – Filósofo

Vergonha, descrédito, desilusão... são os sentimentos do povo brasileiro diante de um Senado que absolve políticos corruptos.

No dia 12 de setembro de 2007 tivemos uma prova concreta da falta de compromisso dos Senadores com a ética. A absolvição do presidente do senado Renan Calheiros foi um atestado de que essa instituição não passa de um clube de amigos, como afirma o filósofo José Gianotti. Compra de votos, interesses de governo anulam o poder e o papel do Legislativo.

Os últimos acontecimentos da política, como o mensalão, dólares na cueca, apagão aéreo, só aumentam a descrença da população. A gota d’água foi o episódio da absolvição do senador Calheiros, que poderia ser representada como a morte da ética, como diz Arnaldo Jabor é o suicídio do Senado.

Os sentimentos de amizade e cumplicidade interferiram e regeram todo o processo gerado pelas acusações contra o presidente Renan. Não devemos ver com olhos maldosos, afinal quer atitude mais nobre do que ser fiel aos companheiros?!, o que se recebe em troca é só um detalhe, ou melhor, nada mais é do que uma maneira de recompensar aqueles que nos ajudaram.

RESENHA DO FILME AMOR E COMPANHIA


O filme Amor e Companhia, estrelado pelos atores Marco Nanini, Patrícia Pillar e Alexandre Borges é um ótimo exemplo de uma comédia romântica. Seu diretor Helvécio Ratton soube muito bem misturar cenas de humor e traição com cenas de humor, que servem como uma ótima distração ao telespectador. Com tons irônicos, mostra a situação do marido que vê sua mulher o traindo com o seu sócio e amigo no dia do seu aniversário de quatro anos de casamento, e ainda tem de bancá-la, uma vez que ela passa a morar com o pai, um homem ganancioso que só pensa em dinheiro.


Godofredo Alves, o marido traído, perde o amigo, porém tem que continuar convivendo com ele, mesmo que só profissionalmente, em nome da reputação e dos negócios. Ou seja, como se não bastasse ser traído ainda tem que continuar beneficiando aqueles que o passaram para trás, e quando decide travar um duelo com o amante da esposa, onde só uma das armas estaria carregada, é impedido, pois não há provas contundentes. As cartas escritas por ela, inclusive falando que queria um filho do outro homem, não servem como prova.


O filme trata sobre uma ótica diferente a realidade brasileira, pois quando uma das partes do casal decide separar-se por achar que o outro o está traindo tem que provar. E, muitas vezes quando estão casados sobre comunhão de bens tem que se dividir tudo com o ex ou então tem que lhe pagar uma pensão, principalmente quando é o homem quem decide separar-se.


O final é surpreendente, marido e mulher fazem as pazes e ainda convidam o amante, agora com sua nova namorada, para ser padrinho de seu filho, voltando os dois a serem grandes amigos.

Amor e Companhia é uma ótima dica para quem procura diversão, diferente das quais estamos acostumados e dar boas risadas. É indicado para todas as idades, podendo ser assistido por toda a família.
TV, uma nova era com você.


Oh TV, você chegou sem pedir licença,
entrou silenciosamente e mudou completamente
o destino da humanidade.

Oh TV, com suas cores, sons e iluminação
fez com que as pessoas que antes conversam
alegremente nas pracinhas entrassem para
suas casas e esquecessem que o mundo ainda
existe lá fora.

Ah TV, olha só o que você foi capaz de fazer!
Mostrou ao mundo o quão importante a
Tecnologia pode ser.

Ah TV, mas ao mesmo tempo em que você
fez tão bem, também fez tão mal!

Foi você a responsável pelo isolamento,
pela solidão, mas ao mesmo tempo foi
a responsável pela informação.

Foi você que trouxe a globalização e a
modernização ao alcance da nossa mão.
Foi você que trouxe o riso e a alegria, o
início da fantasia para a nossa nação.

TV, como deve ser pra você?
Você é a mais ouvida, a mais comentada.
É também a mais buscada
por quem quer informação.

Desde crianças até idosos, você é
a sensação do pedaço.
Quem te ouve e quem te vê
te admira pra valer!
Dia de Saúde no Campo previne contaminação por agrotóxicos


A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater -MG) promove nesta sexta-feira, 06 de novembro, em Camanducaia, Sul mineiro, mais uma edição do Dia de Saúde no Campo. O evento, que começa às 13 horas, com término previsto para às 18 horas, no salão da igreja local do Bairro Pitangueira, será realizado em parceria com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e o apoio do Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias e Secretaria Municipal de Saúde de Camanducaia.

De acordo com o extensionista agropecuário da Emater-MG, Hélio João de Farias Neto, o objetivo é conscientizar o trabalhador rural sobre os cuidados no manuseio de defensivos agrícolas, principalmente no uso correto dos equipamentos de proteção individual. “A proposta é orientar para proteger a saúde do trabalhador e do consumidor, além de preservar o meio ambiente”, explica.

O cultivo de culturas que utilizam quantidades significativas de agrotóxicos, como morango, brócolis e couve-flor, está presente em Camanducaia, mas a preocupação maior está na bataticultura, cultura predominante no município e que demanda uma maior utilização de defensivos agrícolas. Existem no município cerca de 400 produtores de batata cadastrados no escritório local da Emater-MG e a produção anual da batata está em torno de 17 mil toneladas, segundo dados apurados pela unidade da empresa em janeiro deste ano.

Segundo o técnico da Emater-MG local, o evento desta sexta-feira dá continuidade a um trabalho que vem se desenvolvendo desde às três edições anteriores ocorridas no ano passado e no início deste ano, quando foram atendidos mais de 180 trabalhadores rurais. Nesta quarta edição, mais 60 agricultores serão atendidos, porém haverá cadastramento de mais pessoas para um próximo Dia de Saúde no Campo.

Durante o evento, uma equipe de médicos e enfermeiros do setor de Toxicologia da Unicamp realizará exames de sangue nos trabalhadores rurais para verificar os níveis de agrotóxicos no sangue. Aqueles que apresentarem suspeita de contaminação serão encaminhados para outros exames ou para tratamento, oferecidos gratuitamente pela Universidade. Além disso, os participantes recebem orientação sobre o uso correto do Equipamento de Proteção Individual (EPI) nas atividades em que se utilizam defensivos agrícolas.

“Eventos como este trazem vários benefícios, entre eles a melhoria na qualidade de vida dos agricultores, pela prevenção de doenças, por meio da utilização certa dos equipamentos de proteção individual e da preservação do meio ambiente”, argumenta o extensionista Hélio. “Também podem ser detectados problemas de toxicidade que ainda estejam com menor complexidade, tendo assim maior possibilidade de tratamento e desintoxicação”, acrescenta. Segundo informações do setor de Toxicologia da Unicamp, a contaminação com agrotóxicos ocorre em 90% dos casos durante o manuseio deles.

Participam do Dia de Saúde no Campo trabalhadores rurais que tenham contato com agrotóxicos, sejam eles, aplicadores, tratoristas ou preparadores de calda, entre outros. As inscrições foram feitas após visita de extensionistas da Emater-MG nos bairros do Jaguarí de Baixo, Jaguarí do Meio e Pitangueiras. Além de ações como essa, a Emater trabalha rotineiramente para a educação e conscientização dos agricultores sobre o correto descarte das embalagens de defensivos agrícolas.

Cultivo de morangos orgânicos será apresentado nesta semana em Congressos de Agroecologia em CuritibaExperiência de Sete Lagoas ilustra o trabalho


O resultado de uma experiência com o plantio de morangos orgânicos na comunidade rural de Venceslau Brás, município de Sete Lagoas, região Central do Estado, será apresentado nesta semana no 6º Congresso Brasileiro de Agroecologia e 2º Congresso Latinoamericano de Agroecologia. Os congressos começam nesta segunda-feira, 09 de novembro e terminam na sexta-feira, dia 12 de novembro, em Curitiba.

O trabalho, desenvolvido por extensionistas da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas (Emater-MG) e pesquisadores da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig-MG), com recursos do CNPQ, conseguiu provar a viabilidade do cultivo do morango, numa região onde normalmente ele não é produzido, utilizando adubo verde, composto orgânico e biofertilizante de ervas, segundo uma das autoras, a extensionista Érika Carvalho. A outra é a pesquisadora Juliana Simões, da Epamig.

O artigo, intitulado Cultivo do Morango Orgânico em Unidade Demonstrativa com Agricultores Familiares do Município de Sete Lagoas, relata o trabalho de implantação de unidade de morangueiros em sistema orgânico. O projeto teve início no ano passado na propriedade do casal de agricultores familiares Orlando Lopes e Zulma Pontelo, e foi implantado em parceria com o agricultor urbano Benedito Rafael da Costa.

Com a orientação dos técnicos da Emater-MG e de pesquisadores da Epamig os agricultores plantaram um coquetel de sementes, conhecido como adubo verde. Após a colheita os vegetais foram incorporados ao solo, por meio do uso de aração e gradagem. A construção dos canteiros de morangos orgânicos foi construída manualmente, ocupando uma área de 500 metros quadrados dos 2,5 hectares da propriedade.

A empreitada foi tão produtiva, que segundo a extensionista Érika, os produtores dobraram a área plantada este ano. De acordo a técnica, a Emater-MG fez o acompanhamento das práticas culturais dos agricultores, o preparo do solo, a adubação, o plantio, o controle fitossanitário e a colheita, de acordo com a legislação de orgânicos. “ A proposta do trabalho é criar novos arranjos produtivos para incentivar uma alternativa sustentável de renda para pessoas da agricultura familiar”, diz ao falar do objetivo da experiência.

Para o ano que vem, segundo Érika, a proposta da Emater-MG é trabalhar também com outros produtos da agricultura familiar, utilizando o sistema de unidades demonstrativas. A produção de morangos orgânicos é também acompanhada em outras unidades demonstrativas do Estado, nos municípios de Capim Branco, Prudente de Morais e Perdões, de acordo a extensionista.
Na propriedade do casal Orlando e Zulma, a atividade predominante ainda é o cultivo de flores tropicais, de acordo a técnica. Como tiveram bons resultados com o morango, marido e mulher estão produzindo também couve-flor, brócolis, tomate, entre outros legumes e verduras.
Poços de Caldas sedia 1º Congresso de Leite e Queijo Minas


Entre os dias 24 e 25 de setembro ocorre, em Poços de Caldas, o 1º Congresso de Leite e Queijo de Minas Gerais. O evento, realizado em parceria com a Emater-MG, tem como objetivo contribuir de forma efetiva para o desenvolvimento da área de pecuária leiteira, e reunirá produtores de leite, técnicos de campo, pesquisadores, consultores e alunos de graduação e pós-graduação.


O Congresso acontece no Cine Cinterplex do Minas Sul Shopping, na cidade de Poços de Caldas. Os interessados podem fazer suas inscrições no site: www.leiteequeijominas.com.br. As taxas são: R$ 120 para estudantes de gradução; R$ 130 estudantes de pós-graduação; R$180 para profissionais; e R$60 por palestras individuais.
Projeto Transformar em Almenara vai capacitar 53 jovens


A partir desta quarta-feira (9 de setembro), a Unidade Regional da Emater-MG em Almenara dará início a mais uma turma do Projeto Transformar - Uma nova Minas para a Juventude Rural. Ao todo, serão beneficiados 53 jovens rurais dos municípios de Joaíma, Itinga e Medina.

Em Almenara, essa é a segunda turma do projeto. Os temas escolhidos para este ano são: Bovinocultura e qualidade do leite, Meio ambiente, Políticas Públicas e Gestão Social, Pronaf Jovem, Suinocultura, Associativismo, Avicultura, Horticultura, Agroindústria e Segurança Alimentar e Nutricional.

Durante a primeira etapa, os alunos terão 32 horas de carga horária presencial nos cursos de formação profissional. Depois, os jovens retornam para seus municípios e dão início à segunda etapa. Serão 68 horas de carga horária complementar sempre acompanhados de um técnico da Emater. Segundo a coordenadora regional do projeto Transformar, Suzanir David Ferraz, “o curso tem o intuito de promover a melhoria a qualidade de das famílias e a geração de renda”.

O encerramento das atividades está previsto para novembro. Os participantes irão se reunir em Almenara para trocas experiências. Com o término do curso, os alunos ficam aptos para participarem do Pronaf Jovem.
O Projeto Transformar é um programa estruturador da Emater que visa a qualificação profissional de jovens na implementação de atividades produtivas e na inclusão digital. O projeto é feito em parceria com o Governo de Minas; o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), prefeituras, o Banco do Brasil e com o Banco do Nordeste do Brasil.
6° Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, óleos, Gorduras e Biodiesel

Será aberto na próxima segunda-feira, 24 de agosto, às 19 horas, no Clube do Fazendeiro, Parque de Exposição João Alencar Ataíde, em Montes Claros, o 6º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel. O objetivo é discutir as novas tecnologias de plantas, óleos, gorduras e biodiesel, segundo o extensionista Reinaldo Nunes de Oliveira, coordenador da Rede Ater de Biodiesel. A promoção é da Universidade Federal de Lavras (Ufla), em parceria com a Emater-MG, CNPQ, Fapemig, Embrapa, Capes, Sebrae e Sociedade Rural de Montes Claros.

Em sua sexta edição o congresso já se constituiu numa referência nacional para áreas de produção de plantas oleaginosas, óleos vegetais, gorduras e biodiesel, de acordo os organizadores. O evento, que termina na sexta-feira, dia 28 de agosto, terá a participação de agricultores, pesquisadores, professores, extensionistas, empresários e estudantes, entre outros.

Até o momento, o congresso recebeu artigos científicos, em português, inglês e espanhol, nas seguintes áreas: Produção de Plantas Oleaginosa; Extração, Purificação e Oleoquímica; Aplicação dos óleos Vegetais e Gorduras nas Indústrias Farmacêutica, Cosméticas e Biológicas; Produção; Comercialização e Utilização do Biodiesel; Caracterização e Controle de qualidade de Biodiesel; Balanço Energético e Seqüestro de Carbono; Rede Brasileira de Tecnologia do Biodiesel; Comunicados Técnicos e outros.

Os interessados podem se inscrever no próprio local, já que as inscrições pela internet foram encerradas.
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As diferenças no nível de ensino interferem na formação do cidadão, segundo pesquisa realizada em escolas.


Carolina Fernandes, Carolina Sanguinete, Lara Nassif, Pamela Bárbara e Wanessa Viegas

Respeito à identidade do outro, valores de cidadania e solidariedade são o que as escolas infantis procuram transmitir aos seus alunos. De acordo com a pedagoga Cinthia Duarte Pereira, 35 anos, a educação e a escola ainda são fontes de referência e formação de valores para o cidadão, sendo o único pilar da sociedade que continua se mantendo, uma vez que a família não consegue se organizar e a religião não é mais valorizada.
Para a pedagoga Cinthia Duarte a escola é o único pilar da sociedade que ainda se mantém.

A diretora do colégio particular Intelectum afirma que é a escola a responsável pela formação dos jovens.Um fator preocupante é a qualidade de ensino que interfere no desenvolvimento do indivíduo. Apesar do esforço realizado pelos profissionais do ensino público, a falta de infra-estrutura dificulta o processo de aprendizagem dos estudantes. Segundo a diretora, chamada carinhosamente pelas crianças de Tia Neusa, 59, do Centro Educacional Infantil Lago Azul, a educação nas escolas particulares é como um outro mundo. Disse, além disso, que “a educação é muito importante”. Pode-se verificar a diferença no discurso da diretora e pedagoga Maria Elizena Fernandes, 63 anos: “A escola exerce grande influência na formação dos jovens, visto que os pais estão transferindo para a escola várias responsabilidades. E como esta se relaciona com a criança, no mínimo, quatro horas e meia por dia, tempo muitas vezes maior que o dos pais, passa a ser responsável por essa educação. No meu ponto de vista, a escola sozinha já está abalada e precisando de ajuda”.

Crianças da escola Lago Azul em uma de suas aulas.Em visita ao Lago Azul, localizado no bairro Riacho, em Contagem, podem-se perceber as necessidades por que passam os alunos de tal escola. Grande parte das crianças, como não tem com quem serem deixadas, permanecem no local em horário integral. “Minhas filhas passam o dia todo aqui. Trabalho o dia inteiro e não tenho com quem deixá-las”, afirma Vanessa, 26, mãe de duas alunas.

Nota-se a carência da escola pelo número de salas, sendo três ao total. Uma destinada a berçário e as outras duas 1° e 2° período, respectivamente. Porém, nestas últimas, não há atividades específicas para cada idade, já que os estudantes ficam misturados nessas turmas, independente da idade e da capacidade dos mesmos. A aluna Jeniffer, 7 anos, afirma que “Já vi aquele filme que tá passando mais de mil vezes!”. Além disso, todos os que trabalham no local são voluntários, não possuem nenhuma formação.
A aluna Jeniffer reclama: “já vi esse filme mais de mil vezes”.


Alunos do colégio Intelectum: salas bem equipadas, professores bem qualificados, aulas de reforço e inglês.
Um aspecto com relação às diferenças é a alimentação. Enquanto no Lago Azul é servida comida e de forma gratuita, no colégio particular Intelectum, também localizado em Contagem, as crianças têm que levar lanche ou comprar. Neste estabelecimento, há uma boa estrutura composta por 10 salas, divididas em 4 andares. Possui, ainda, área de esportes, lazer, aulas de inglês, reforço e professores qualificados, formados na matéria que lecionam.

Em entrevista aos alunos das duas escolas, pode-se constatar os medos, os sonhos, os heróis, as perspectivas, as brincadeiras e profissões que pretendem seguir.
SONHOS

LAGO AZUL
Boneca – 45%
Não sei – 20%
Carrinho – 10%
Bola – 10%
Bolo – 5%
Outros – 10%

INTELECTUM
Não sei – 16%
Viajar – 10%
Paz – 6%
Carro – 6%
Boneca – 6%
Outros – 56%



O que chamou a atenção foi o fato de 16% das crianças do Intelectum não possuírem sonhos e outros 6% terem como preocupação a paz mundial. Enquanto que, no Lago Azul, 65% desejam ter brinquedos.

PROFISSÃO

INTELECTUM
Jogador – 14%
Médico – 12%
Professor – 10%
Veterinário – 10%
Artista – 8%
Outros – 46%


LAGO AZUL
Médico – 45%
Policial – 20%
Professor – 15%
Mãe – 10%
Artista – 10%
Outros – 0%

Destaca-se, com 45%, a Medicina como profissão pretendida pela escola pública. Além disso, um fato curioso é que 10% das crianças querem ser mães. Já no Intelectum, o desejo é pela profissão de Jogador de Futebol, com 14%, seguido por Veterinário e Professor, com 10%.

HERÓI

INTELECTUM

Homem – Aranha-18%
Super-homem –14%
Mulher Maravilha – 14%
Batman – 10%
Não possui – 8%
Pais – 4%
Deus – 2%
Outros – 44%

LAGO AZUL

Mulher Maravilha – 25%
Homem-aranha – 20%
Não possui – 20%
Super-homem – 15%
Coleguinha – 5%
Mulher gato – 5%
3 Espiãs – 5%
Outros – 5%


No Intelectum, 4% das crianças têm como heróis os pais. No Lago Azul, o pai é trocado pelo coleguinha.
BRINCADEIRA


LAGO AZUL

Boneca – 40%
Casinha – 15%
Carrinho – 15%
Pega-pega – 15%
Bicicleta – 10%
Outros – 5%

INTELECTUM

Boneca – 24%
Bola – 18%
Pega-pega – 18%
Vídeo-game – 10%
Computador – 4%
Outros – 26%

Os interesses por brincadeiras na escola particular são diferentes dos da pública. Sendo que os alunos da primeira demonstram interesse por jogos eletrônicos. No Lago Azul isso não acontece e os brinquedos mais simples são os mais pedidos.

VIAGEM

INTELECTUM

Praia – 34%
EUA – 12%
França – 8%
Inglaterra – 4%
Não sei – 4%
Outros – 38%

LAGO AZUL
Roça – 20%
Praia – 20%
São Paulo – 10%
Não sei – 10%
Casa de amigo – 5%
Outros – 35%


Na escola particular os alunos têm ambição de sair do Brasil, já os da pública se contentam em ir para roça ou para casa de amigos e viajar pelo próprio país.

MEDO


INTELECTUM

Cobra – 18%
Nenhum – 16%
Ladrão – 6%
Pais morrerem – 2%
Violência – 2%
Outros – 56%

LAGO AZUL

Bichos – 25%
Nenhum – 20%
Rato – 15%
Tubarão – 10%
Bruxa – 10%
Outros – 20%


Na primeira os estudantes estão cientes do problema da violência no país e se preocupam. É interessante observar que, também, têm preocupação com a falta dos pais. Na segunda, eles apresentam medos mais comuns, como de animais, por exemplo.


O QUE GOSTARIA DE TER E QUE NÃO TEM

LAGO AZUL

Boneca – 40%
Carrinho – 20%
Patinho de banho – 5%
Acessórios Hello Kitty – 5%
Um filho de verdade – 5%
Outros – 25%

INTELECTUM

Play Station 3 – 26%
Tem tudo – 10%
Carrinho com controle – 10%
Computador – 6%
Câmera digital – 4%
Outros – 44%


Play Station 3 é muito cobiçado pelos alunos do Intelectum, dentre outros brinquedos eletrônicos. Muitos afirmam, ainda, que possuem tudo que desejam. Entretanto, as crianças do Lago Azul desejam coisas simples, como um patinho de banho. Um fato interessante são alguns alunos terem dito que gostariam de ter um filho de verdade.
Foi constatado que as diferenças, realmente, existem. Isso ocorre devido à variedade de recursos de que dispõe uma escola particular, além disso, a renda que as famílias dos alunos das escolas particulares possuem proporcionam que os mesmos viajem, conheçam outros lugares, tenham vários brinquedos. Outro dado importante é que as crianças de renda mais alta tendem a escolher profissões de maior sucesso e carreira, enquanto que as de classe mais baixa, ou não se decidiram por uma profissão escolhendo ser mães ou escolhem profissões que acreditam ter mais retorno financeiro ou algum benefício para sua comunidade, como por exemplo, policial que para eles serve para prender bandidos. O ensino é o quesito fundamental para que a criança sinta-se inserida na sociedade, é através dele que a criança se desenvolve e se firma como cidadão. Assim, uma educação sem qualidade pouco irá ajudar no desenvolvimento da criança, já ao contrário uma educação boa, de qualidade, contribui muito para a formação das mesmas, influenciando e muito na sua vida futura.