sábado, 27 de fevereiro de 2010

Um rosto em meio a baderna


Obras, obras e mais obras!!É assim que se encontra a Avenida Antônio Carlos, próximo ao Uni-Bh, faculdade em que faço o 7º período de jornalismo. Essas obras estão causando transtornos terríveis, principalmente devido aos engarrafamentos de carros e ônibus depois das 18 horas. Mas elas sempre fazem um bem maravilhoso quando estão prontas.
Porém,chega de falar das obras. Em meio a elas existem figuras bem mais ilustres e importantes, sem o qual essas obras jamais poderiam acontecer. Falo dos trabalhadores, dos peões de obras,como dizem, aqueles que quase ninguém repara, mas que são super importantes.
Em meio a esses homens se encontra o Seu João ( o nome é fictício), 45 anos, pai de cinco filhos, casado, e que sustenta a mãe e mais três irmãos mais novos. O seu João, muitas vezes, não tem nem o que colocar na mesa para sua família comer. O aluguel anda atrasado à 3 meses, e ele não tem nem noção de como vai pagar.
Entretanto, algo chama atenção em seu João: o sorriso sempre presente, estampado em seu rosto cheio de rugas, já gasto devido ao tempo. Nas mãos podemos perceber os calos de quem começa a trabalhar de manhã e vai até a noite, sem hora para parar. Incui-se aí os sábados e às vezes até os domingos e feriados, como ele mesmo diz rindo do próprio trabalho.
Quando pergunto se ele não se cansa, ele simplesmente me responde “cansar a gente até cansa, mas tenho que trabalhar para sustentar minha família, se não todo mundo passa fome. O que minha mulher ganha não dá pra sustentar todo mundo”.
O seu João é só um nome pra representar todos esses homens, esses trabalhadores que ficam horas a fio no calor, no frio fazendo obras e mais obras para melhorar a nossa vida. Esses trabalhadores que muitas vezes não tem nada pra comer e que trabalham até cansar. Eles que tem os seus problemas, os seus medos, mas que estão lá todos os dias trabalhando trabalhando trabalhando para melhorar a nossa vida, pra trazer conforto pra todos nós.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010


Saudade


Ai que saudades dos meus tempos de criança.

Onde brincar tinha toda a importância...

E o sorrir a embalar.

Ai que saudades dos meus tempos de menina.

Em que os sonhos estavam somente a imaginar.

Ai que saudades dos meus tempos de escola.

Com as brincadeiras toda hora e a alegria pra lembrar.

Ai que saudade desse tempo tão bonito.

Que jamais será vivido mais uma vez pra recordar.

Tem gente


Tem gente que mesmo longe....Está presente.
Tem gente que mesmo perto...Está ausente.
Tem gente que diz que espera o amor....Mas no fundoSó quer mesmo a dor.
Tem gente que mesmo adulto...É criança.
Tem gente que busca o céu e as estrelas.
Tem gente que pensa nos outros e em si.
Tem gente que não tá nem aí.
Tem gente que faz da tristeza uma alegria.
Tem gente que só busca a sinfonia
Tem gente...

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Escolas Famílias Agrícolas: importância para o jovem rural

Plantar, Cultivar plantas, cuidar do pomar, criar animais, tirar leite de vaca e ao mesmo tempo estudar. Essa é a vida de Elisângela Paulina Rosa, 16 anos, estudante da Escola Família Agrícola (EFA) Paulo Freire, localizada na zona Rural, a 9 km do distrito de Rio Preto, local mais próximo da comunidade onde a estudante mora.

Elisângela é filha de agricultores e sempre morou no campo. Porém, teria que deixá-lo se quisesse continuar com seus estudos. “Aqui no campo é assim, é muito difícil estudar. Se eu quisesse me formar ia ter que ir para a cidade”, conta ela.

Foi então que conheceu a escola família agrícola no ano passado. Fez a seleção e foi escolhida para entrar no 1º ano do Ensino Médio. Hoje, ela é aluna do 2º ano e destaca a importância da educação para o jovem rural. “Apesar de morar no meio rural não conhecia direito sobre os cuidados no campo e a EFA me permitiu um maior conhecimento sobre ele. Sobre como cuidar das plantas, dos animais etc”, diz. “Além disso, é bom estudar porque a gente conhece realidades diferentes, novas pessoas”, acrescenta Elisângela.

Como todo aluno da EFA, ela passa pelo processo de alternância, em que fica 15 dias na escola em regime de internato e os outros 15 dias na propriedade da família, levando os conhecimentos que aprendeu para casa. “A escola família agrícola não forma só o aluno, mas toda a família”,assegura a presidente da Associação Mineira das Escolas Famílias Agrícolas (AMEFA), Faustina Lopes da Silva.

Em 2011, no ano que vem, é o ano de formatura de Elisângela, em que ela sairá da escola com o curso de Técnico Agrícola, podendo exercer a profissão. Apesar de ainda não saber se vai querer permanecer na zona rural ou procurar outra fonte de renda, a estudante explica os benefícios que a EFA trouxe para sua vida. “Se não fosse a Escola Família Agrícola eu acho que não iria me formar, ia parar onde estava”, afirma.
A EFA é uma oportunidade única na vida, pois pra gente estudar é muito difícil, muitos desistiam e paravam os estudos. E com a chegada da escola família agrícola permitiu com que as pessoas se formassem e pudessem permanecer aqui na zona rural”, finaliza.

Parecida com a história de Elisângela é a história de Santos Batista de Oliveira, ex-aluno da Escola Família Agrícola Bontempo, localizada na Comunidade Córrego do Brejo, zona rural de Itaobim.

Santos também é filho de pequenos agricultores e da mesma forma que Elisângela passou praticamente sua vida inteira no campo, na comunidade de Tombos, a mesma em que seus pais foram criados.
Nascido em 1983, só começou a estudar aos sete anos de idade, tendo que caminhar 3 km por dia até chegar à escola. As dificuldades com os estudos foram muitas, saía cedo e só voltava à noite, a roupa sujava com a poeira ou a lama das estradas, pegava doenças etc. E assim, com muito custo ele chegou a 7ª série, porém desistiu “já não aguentava mais”, diz ele.

Porém, com o incentivo dos colegas voltou a estudar no ano seguinte, uma vez que faltava pouco para se formar. Mas, mesmo com a volta as aulas as preocupações e as dificuldades não pararam. “Ficava preocupado, pois pensava que depois que terminasse a oitava série teria que ir para a cidade grande para continuar estudando”, conta Santos. Ele conseguiu completar o Ensino Fundamental aos 19 anos.

E assim, conheceu a EFA Bontempo, que trouxe muita alegria, pois poderia estudar e continuar onde sempre gostou de morar: no campo. “Foi difícil, pois tinha muita concorrência, mas consegui ser selecionado. E depois veio a recompensa para quem já havia perdido tanto tempo na vida”, conta ele. O ex-estudante cursou a escola família agrícola entre os anos de 2003 a 2005. Tornando-se, após formado, Técnico em Agropecuária.

Com quatro meses que havia terminado o Ensino Médio, Santos conseguiu uma nova conquista. Participou de uma seleção de técnicos e entre quatro concorrentes foi o selecionado para trabalhar no Centro Agroecológico de Tamanduá (CAT) onde permanece até hoje, trabalhando com Agroecologia. “E tudo isso graças a Escola Família Agrícola”, conclui.

A pedagogia de alternância como forma de educar

O modelo escola Família Agrícola surgiu na França, em 1935 e era conhecida como Maison Familiale Rurale, que em português significa casa familiar rural.No Brasil, a modalidade começou a ser executada em 1968, no Espírito Santo.

Mas, foi somente na década de 80 que ficou marcada a solidificação das experiências das Escolas Famílias Agrícolas no Espírito Santo e de lá, elas se espalharam para os outros estados, como Minas Gerais.

Foi então que em 1983, foi criada a primeira EFA Mineira, que se localizava em Muriaé, na zona da Mata. Ela surgiu devido a iniciativa de um grupo de pessoas ligadas às comunidades Eclesiais de base da região, juntamente com a Prefeitura do local.

Aliado a essa experiência, em 1990, foi criada a Escola Rural Padre Adolfo Kolping, em Formiga, tendo como objetivo ser uma escola de pedagogia de Alternância, tal como são as escolas famílias agrícolas atuais.

Essas duas primeiras experiências, devido à falta de articulação entre elas não tiveram bons resultados. Porém, foi também em 1990, que foi criada a Escola Família Agrícola Chico Mendes, em Conselheiro Pena. Junto com ela se seguiram várias outras escolas famílias agrícolas, consolidando assim, as EFAs em Minas Gerais, tornando o ano de 1990, um período de grande implantação das escolas famílias agrícolas no estado.

Atualmente a maior parte das Escolas Famílias Agrícolas mineiras se encontram na região do Vale do Jequitinhonha, local de maior índice de pobreza de Minas e que vem sendo castigado pelo desenvolvimento desigual da agricultura e pela seca cada vez mais frequente.

Segundo a secretária de Contabilidade da AMEFA, Vanessa Barcante Iota, hoje, as 18 famílias agrícolas mineiras atendem cerca 954 alunos, sendo 457 alunos no Ensino Fundamental e 497 do Ensino Médio, com idades entre 11 e 20 anos.

De acordo com a presidente da associação, D. Faustina, cada escola atende em média de 35 a 100 alunos, em grande parte filhos de pequenos agricultores, de assalariados agrícolas e de assentados rurais. “As EFAs trabalham direto nas bases, assim a agricultura familiar fica fortalecida, os povoados pequenos, os jovens rurais, aqueles que tem menos condições, todos tem acesso a educação”, afirma Faustina.

As escolas famílias agrícolas trabalham com a pedagogia de alternância, onde alia-se a aplicação dos conhecimentos adquiridos na escola com a vivência meio familiar. Desse modo, o conteúdo aprendido durante as aulas é trabalhado juntamente com a realidade em que o aluno vive.

“É um processo que alia a teoria à prática”, afirma Vanessa. Assim, o aluno passa 15 dias do mês na escola e os outros 15 dias junto com a família, passando os conhecimentos adquiridos aos outros membros da família.

“Para ser aluno de uma EFA o jovem tem que ser filho de agricultores e passar por um processo seletivo, que varia conforme a realidade de vida e a escola em que deseja se inserir”, explica a secretária.

No verdadeiro ninho não há estranhos

Segundo o site, ABC da saúde, a loucura é uma condição da mente humana caracterizada por pensamentos e atitudes consideradas anormais pela sociedade. Como por exemplo, ouvir vozes, enxergar pessoas, pensar que está vivendo uma situação que nunca existiu etc.
Freud, fundador da psicanálise, define a loucura como sendo a incapacidade que o indivíduo tem de se adaptar às normas do ambiente em que se encontra.

E é esse o tema central do filme Um estranho no ninho, lançado nos Estados Unidos, em 1975 e dirigido por Milos Forman.

Ele conta a estória de um homem preso por pedofilia ( McMurphy), acusado de abusar sexualmente de uma menina de 15 anos, e que com a intenção de fugir da cadeia resolve se passar por louco, indo parar em um hospício.

Porém, ao adentrar no local e diante de seu contato com os pacientes de lá, McMurphy não os vê como loucos, mas sim como marginais da sociedade, que aprenderam a ser e agir como malucos por terem sido excluídos do convívio humano. E, por isso, resolve ajudá-los a acreditarem mais neles próprios.

Com isso, diferentemente do que pode parecer, o estranho no ninho, que dá título ao filme, não é o personagem principal, Murphy, e sim, todas aquelas pessoas que se encontram no hospício. Eles representam todos os estranhos no ninho que existem pelo mundo. Os estranhos de uma sociedade que dita regras e padrões e que não aceita o ser diferente, aquele que se recusa a seguir normas. Tratando assim, esses seres como loucos.

Um estranho no ninho, é muito bem produzido, tem qualidade técnica, de atuação, de iluminação, de efeitos etc. Além disso, por ser um drama, cumpre muito bem o papel esperado para esse tipo de gênero. Trata-se de uma estória comovente sem ser piegas e que é capaz de prender o espectador do início ao fim.

O filme é capaz de emocionar, indignar e trazer revolta dos espectadores por aquelas pessoas que estão no manicômio. Gente essa, que tinha tudo para ter uma vida inteira e normal pela frente, distante desse mundo triste do hospício, mas que foram impossibilitadas disso por terem ido parar ali. Pessoas que não tiveram oportunidade de escolha, como todos nós temos, de decidir sua própria vida, sendo obrigadas a parar em um local que não gostariam.

Um estranho no ninho foi filmado em um hospício de verdade. Por isso, grande parte de seus elementos e aspectos, tais como o ambiente de confinamento, a tristeza presente, as histórias dos personagens realmente existem. E isso contribui para uma maior veracidade da estória contada.
Soma-se a isso o fato do filme ser uma crítica às instituições psiquiátricas americanas da época, e ao conservadorismo do partido Republicano dos Estados Unidos, que não aceitava os diferentes, mandando-os para manicômios ou hospitais, onde eram tratados rigorosamente, incluindo o tratamento de choque, tal como mostrado no filme.

Essa realidade toda do filme pode trazer uma angústia no público, que pode se incomodar com a forma como os pacientes eram tratados nesse tipo de local. Sempre de forma fria e impiedosa, sem abertura para um ato de carinho ou amor.

E durante toda sua trama, o filme vai deixando uma série de pistas que condizem com o isolamento e a tristeza presentes naquele manicômio. Porém, muitas vezes esses aspectos podem não ser percebidos por alguém que vê o filme pela primeira vez.

Podemos citar, por exemplo, a sensação passada pelas paredes brancas do hospital. Elas podem, no início, passar a sensação de que apenas fazem parte do cenário, sem nada de mais, porém ao prestar mais atenção percebemos que o branco serve, na verdade, para transmitir justamente a sensação de isolamento e de confinamento que as pessoas que vivem ali passam.

Somado a isso, encontra-se também a trilha sonora. Ao ser escutada pela primeira vez, passa o sentimento de que é apenas um complemento do filme. Entretanto, ao ouvi-lá novamente, percebe-se que o seu intuito também é o de contribuir para a sensação de tristeza presentes naquele manicômio. Os figurinos e o uso excessivo do branco ajudam a passar a mesma sensação.

E são essas várias pistas, somadas a montagem do filme, muito bem feita, que permitem com que a estória do filme tenha uma continuidade. Um enredo todo completo, que dá vida a todas as atuações e não se perde nem mesmo com a mudança de uma cena para outra. Todas elas se encaixam perfeitamente como se tivessem sido realizadas em sequência, e sem parecer sem sentido ao espectador.

Assim, podemos dizer que Um Estranho no Ninho é completo e soube fazer um tema, aparentemente comum, virar algo que atrai e chama a atenção, sem ser cansativo e desviar a atenção do público.

E a vida segue...


Tarde de quarta-feira. Dia ensolarado.15 horas. Avenida Raja Gabaglia. Um homem corre. Atrás, vários policiais. O medo toma conta de quem está na rua. As pessoas vão para suas casas. As crianças, que antes brincavam na rua, não sabem o que fazer. Começa a gritaria. Portas e janelas são fechadas. Todo mundo tenta se esconder. Eu observo tudo de dentro do prédio onde trabalho, próximo a favela onde ocorreu o incidente.

Nos edifícios próximos ninguém sabe o que está acontecendo. Uns tomam café, outros conversam tranqüilamente, outros ainda estão concentrados em seus trabalhos ou em reuniões.

De repente, um estrondo. Alguns acham que são fogos, outros dizem é tiro. Um, dois, três, quatro, cinco...ninguém sabe ao certo. Eu também, da mesma forma que alguns descrentes de que fossem tiros, acreditei nos foguetes! Pura inocência!

O pânico toma conta de quem está próximo ao local, principalmente dos moradores. Inclusive eu e meus companheiros de trabalho. Não é todo dia que se vê um tiroteio tão perto assim.

Um corpo cai ao chão. Os policiais chegam. Pegam o corpo e o colocam na viatura. Dizem que vão levá-lo ao pronto-socorro. Quem viu pensa: Levar pra que? Se o homem já morreu. Confesso que pensei a mesma coisa, pra que levar para o hospital se ele já estava morto, mas como ninguém quer aparecer na mídia acusado de matar alguém, eles fazem esse lero-lero de fingir que socorreram.

As janelas e portas começam a se abrir. O movimento começa a tomar conta da rua. Junta gente pra ver. No chão, sangue, sangue e mais sangue. Começam os comentários. Merecia morrer. A polícia veio se vingar. O policial fazia parte do tráfico, foi morto por acerto de contas. Foi um assalto, os bandidos não sabiam que era um policial.

Uma senhora lava a calçada que há pouco estava coberta de sangue. Está indiferente a tudo que se passou. De cima dos prédios as pessoas observam a cena, mas sem se intrometer.
Os repórteres chegam. Estão aflitos por notícias. Precisam obter informações. É um furo! Ninguém sabe de nada. Ninguém viu, nem ouviu. É proibido falar. Se descobrirem quem contou já se sabe: vai virar presunto. As crianças e os jovens começam a recolher as balas do chão. São várias. Enchem a mão.

As pessoas vão voltando para seus trabalhos, as crianças para suas brincadeiras. É a vida que segue novamente.

Na internet, a notícia sai mais parecendo um B.O da polícia. “Homem é ferido em troca de tiros com a PM” diz a maioria das manchetes. Nos textos, o mero relato do que a polícia disse. O homem não tem nome. É um qualquer. Ninguém sabe se morreu, se já estava morto quando foi levado para o hospital, se o policial morto um dia antes era bandido ou inocente, se o que causou sua morte foi um assalto ou foi caso pensado.

A informação veiculada ou a falta dela pela imprensa tem um motivo. Será falta de informação?Falta de tempo para apuração? Pressa pra fechar o jornal? Ou era para abafar o fato de um policial estar metido no tráfico?Ninguém sabe...

O que se sabe é que alguém morreu, assim como morrem milhares de outros todos os dias. Culpados ou inocentes ninguém sabe. Às vezes se noticia, às vezes não. Pode haver indignação, quando morre um inocente, tristeza e até mesmo felicidade quando é um bandido. Mas sempre, logo depois, as pessoas voltam para seus trabalhos, inclusive eu, que tinha ainda vários releases e matérias para fazer; suas casas, seus lazeres, seus estudos e quem morreu fica pra trás...ninguém sabe, ninguém lembra....

É a vida que segue novamente...